Entrevistador: Considerando que Deus é perfeito e perfeitamente bom, perfeitamente justo e, com base nisso, que o mal que existe no mundo não poderia ter sido criado por Ele, tampouco "distribuído" de forma tão irregular entre as pessoas, de onde surgiu o mal? De um outro ser primeiro como Deus? De Deus mesmo?
Mario Ferreira dos Santos: "(...); dentro desta concepção ["certas oposições não deixam de ser obedientes à lei do próprio um" porque são oposições que estão dentro do próprio um e são provadas a todo segundo pelas mudanças que vemos no próprio um, decorrentes do relacionamento dessas oposições - esse um é qualquer coisa que se tornou existente no universo], compreende-se a corrupção sem necessidade de construir um princípio corruptivo que fosse o ponto de partida, o fator e a causa eficiente primeira de toda corrupção, o qual seria, então, um 'outro' poder que se oporia ao poder do Ser. Vê-se, assim, que a corrupção é sempre acidental, que é algo que acontece à substância da heterogeneidade do seu correlacionamento, sem necessidade da presença de um poder principal corruptivo. A concepção escolástica harmoniza perfeitamente o um com o múltiplo, sem necessidade de intervenção de um fato primeiro de heterogeneidade ou de destruição. Mesmo na concepção hindu, Shiva, como aspecto destrutivo de Brahma, também não é uma entidade fora de Brahma; isto é, as ações de Shiva são conseqüências acidentais da própria atuação da lei da unidade. Essa concepção resolve tal problema de modo definitivo e apodíctico."
DO SANTOS, Mario F, A Sabedoria das Leis Eternas, 1a edição, É Realizações, 2001, p. 91.
DO SANTOS, Mario F, A Sabedoria das Leis Eternas, 1a edição, É Realizações, 2001, p. 91.
4 comentários:
O mal não existe em si, o que existe é a falta da prática do bem.
O diabo mesmo não existe.
Como ato primeiro o diabo não existe.
Ato primeiro?
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