segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MASSA ... QUE TAL UM FETTUCCINI?


Sociedade de massa? Consumismo? Faça o seguinte. Pegue algum item que você comprou no supermercado recentemente, coloque-o diante de si (mas tem que colocar mesmo, .... pausa para você fazer isso ... ok), olhe-o com cuidado e identifique quais são suas partes. Estou com uma garrafa de água mineral diante de mim: água cristalina, com grau bastante alto de limpidez, que estava outrora em algum lugar da natureza e foi de lá extraída, após o que passou por um processo de limpeza e foi inserida em uma garrafa de plástico transparente, incolor, com leves ondas em alto-relevo, composta por elementos e/ou outras garrafas que saíram de outros diversos lugares, identificada por um rótulo bonito, com várias informações importantes e específicas para esse produto dessa marca, com cores e desenhos que foram feitos pela sobreposição de uma tinta especial para o material do rótulo, todos unidos finalmente em algum lugar desse planeta Terra e trazido de caminhão, acredito eu, até a minha cidade, onde foi colocado em uma prateleira de um local (supermercado, em geral) que tem um custo de manutenção (luz, locação, seguros, mão-de-obra, impostos, limpeza, propaganda, etc.) pelo importe de R$ 1,19 ... Volto a olhar para essa água e imaginar quanto custaria apenas para pagar o pedágio e abastecer de combustível o caminhão que a trouxe lá da fábrica onde ela estava até o supermercado aqui da minha cidade e me impressiono que isso possa custar apenas R$ 1,19, surpresa que só aumenta quando penso no lucro da empresa produtora da água em garrafa, da transportadora, do supermercado, e eventualmente de terceiros – bancos financiadores da operação, seguradoras, etc. E então, casualmente, olho para o iogurte de morango que apreciarei agora mesmo e penso em tantas outras coisas estão lá na prateleira do supermercado ... kiwi da Nova Zelândia por R$ 0,80/100g, queijo de Minas por R$1,30/100g ou da França por um pouco mais, vinho tinto argentino por R$ 7,95, bombom de cupuaçu (alguém já viu uma árvore dessas por aí?), etc ... E aí, você e os 400 milhões de chineses que saíram da miséria nos últimos anos estão prontos para agradecer à realidade do consumo (inclusive a do consumismo) e a da maravilhosa sociedade de massa ?

9 comentários:

De disse...

No princípio dos tempos, quando o homem vivia no jardim do edem ou eden ele tinha de tudo e não precisava pagar nada por isso. Nem trabalhar o homem precisava.

Qual a conexão que podemos fazer entre o homem do jardim do eden ou edem e o homem da sociedade de consumo?

Boa imaginação!
De.

André disse...

Eu acredito que o maior problema nesse raciocínio (das pessoas que acreditam no 'sistema') é que se assume que você tenha que necessariamente se 'massificar' culturalmente em uma 'sociedade de massa'.

Isso não é verdade. A sociedade pode ser 'massificada' e as pessoas podem se comportar naturalmente como indivíduos com vontade própria (por exemplo, se negando a ouvir todas as porcarias que aparecem no domingo no Faustão). E se quiserem ouvir também, problema deles.

O que é fxxx é ter que trabalhar feito um camelo, gastar 1/3 da sua vida (na maioria das vezes, mais do que isso!) trabalhando e mais 1/3 dormindo. Mas a tecnologia há de nos salvar. Talvez não a nós, talvez não aos nossos filhos, talvez não aos nossos netos... mas tenho esperança de que alguma geração futura não precise ralar tanto quanto a gente rala para ter as mesmas coisas (ou melhor).

Rodrigo disse...

De, acho que você trouxe a resposta à pergunta que formulou em seu próprio comentário. O homem do jardim do Éden vivia no Éden, onde "o Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores, de aspecto agradável, e de frutos bons para comer" (Gên 2, 9), e não parecia precisar empreender muito esforço, se algum, para acessar o que precisava, ficando dispensado do labor, do trabalho e da ação, porque tudo tinha, do que decorre, por conseqüência, o fato de não ter que pagar por nada disso, já que, como muito bem explicado por Ludwig von Mises, em brilhante e derradeira oposição a Marx, o preço é naturalmente decorrente da relação entre demanda e oferta, que no caso era absoluta.

Rodrigo disse...

André T, concordo. Essa massificação cultural é terrível e a opressão à individualidade milhares de vezes pior, embora o trabalho, na minha opinião, não seja ruim se o experimentarmos um pouco mais como um empreendimento (que não precisa ser temporal - pode ser um empreendimento espiritual para a santidade) do que como um emprego.

Unknown disse...

Fora Monsanto !! A favor da agricultura de subsistência !!!

Henrique Rossi disse...

Estou, estou!

Louvado seja Deus que, em seu Amor, se dignifica melhorar este mundo, apesar de toda força contrária que Lhe impomos!

Minha única crítica é moral. Não critico em momento algum os bilhões de benesses que o sistema no qual vivemos nos oferece. Critico a fragilidade mental e moral de pessoas que, para se sentirem aceitas, fazem dos bens que possuem símbolos que traduzem aos outros o que elas "são", quando, é bem verdade, elas deveriam procurar se definir de uma forma mais autêntica, não apenas em função do possuem materialmente.

Na verdade, pessoas que vivem assim se tornam tão ridículas e rizíveis que são até dignas de pena.

Henrique Rossi disse...

Respondendo ao "sou de esquerda":

você na verdade quer dizer:

agricultura de fome, né?

Henrique Rossi disse...

Rodrigo,

O artigo da Time que eu mencionei ao telefone está nesse link:

http://www.time.com/time/nation/article/0,8599,1917525,00.html

abraço

Henrique Rossi disse...

Rodrigo,

Mais um aviso. Desta vez é importante! :)

Acabo de escrever o texto mais significativo desde que iniciei meu blog. Está no topo da página

Conto com seu comentário!

Abração, Henrique