segunda-feira, 4 de maio de 2009

FUNDAMENTO FILOSÓFICO DO CONSERVADORISMO


Peguei-me lendo hoje um INTERESSANTÍSSIMO trecho do livro A Sabedoria das Leis Eternas, no qual Mário Ferreira dos Santos, ao tratar da EVOLUÇÃO, descreve que:

“PARA QUE HAJA UMA EVOLUÇÃO, É NECESSÁRIO, consequentemente, QUE ALGO PERMANEÇA, que algo seja invariante, QUE ALGO SEJA CONSERVADO, enquanto algo se desenvolve nas atualizações das suas possibilidades, comproporcionadas à sua forma.” (...) “Toda coisa em si mesma é o que é pela forma que tem, pela lei de proporcionalidade intrínseca que a faz ser o que é e não outra coisa; mas este arithmos pode ser tomado em dois aspectos: in indivisibili e in divisibili. In indivisibile é a forma no sentido aristotélico, e in divisibile (divisivelmente, gradativamente) é o seu aspecto dinâmico, a sua dinamicidade.”1 (gn)

Faz todo o sentido que a evolução pressuponha a manutenção de algo que permita a identificação de que um determinado ser, não obstante as alterações sofridas, é o mesmo ser de antes, mudado, porém. Se isso não fosse possível, jamais conseguiríamos identificar mudanças. Tudo o que enxergaríamos seriam sempre coisas novas. E, mesmo que dispondo de uma memória perfeita, jamais conseguiríamos comPARar “seres” a fim de dizer: (1) pela paridade, se tratar do mesmo ser e (2) pelas diferenças, se tratar de um ser mudado. Estaríamos condenados a recriar eternamente a roda (isso se chegássemos lá).

Por isso, em sentido contrário, não faz sentido falarmos em revolução já que a revolução não aceita como ponto de partida o conhecimento (do ser) que adquirimos durante nossa evolução, conhecimento esse que algumas pessoas buscam conservar para dele extrair melhores produtos humanos (seja uma música, uma política administrativa de governo, um teorema matemático, um aplicativo econômico, um software, um novo prato na culinária, e assim sucessivamente).

Esse é, para mim, um belo fundamento do conservadorismo.

1. DOS SANTOS, Mario F. in A Sabedoria das Leis Eternas da Sabedoria, 1ª edição, São Paulo, Editora É Realizações, pgs. 91/92

5 comentários:

D disse...

O mundo é feito de pequenas revoluções. Toda a unanimidade é burra (Nelson Rodrigues). Conservadorismo demais é prejudicial a saúde.
Escreva aqui a sua frase de efeito:__________________________________________________________________________________________________

Rodrigo disse...

Frase de efeito 1: O mundo é feito de pequenas evoluções !

Frase de efeito 2: Ainda bem que o mundo NÃO é feito de pequenas revoluções ! Já pensou se tivéssemos que re-volver ("voltar de novo") ao mesmo ponto de onde partimos !? Não haveria evolução.

Frase de efeito 3: O mundo é feito de pequenas evoluções, a não ser que queiram chamar a criação da roda, por exemplo, de uma revolução contra ... sei lá, o quadrado.

Frase de efeito 4 (continuação da frase de efeito 3): a não ser que queiram chamar a criação da indústria de uma revolução contra o artesanato; a criação do cinema de uma revolução contra o teatro; a criação do computador de uma revolução contra o papel, a criação de novas técnicas agrícolas de uma revolução contra a horta ...

Frase de efeito 5: "Toda a unanimidade é burra." Ok, não se discute. Isso é unânime !

Frase de efeito 6: Conservadorismo demais é prejudicial a saúde, mas cuidado porque de menos é pior.

D disse...

Pequenas evoluções não são revoluções? Revolucionar é sinônimo de piorar? Uma revolução não é apenas o momento em que se nota a mutação? Uma revolução existe necessariamente desprezando todas as evoluções passadas? Existe um status quo que jamais poderá ser revolucionado ou a realidade é irresistivelente mutável? Se existe o imutável então inexiste o infinito?

cri cri cri... (grilinho cantando)

D disse...

IRRESISTIVELMENTE

Unknown disse...

Meu amigo Bandeirante, você acha que só você lê esses livros? Dá uma olhadinha na página 105 desse livro do Mário Ferreira dos Santos (A Sabedoria das Leis Eternas): "O salto evolutivo, QUE ALIÁS É REVOLUTIVO, é superevolução, dá-se pela assunção de uma disponibilidade susceptiva dos elementos harmonizados da unidade." (grifei)

REVOLUÇÃO, portanto, ao contrário do que você dá a entender, É FORMA PARA SALTO EVOLUTIVO. Aliás, só acredito que existam saltos evolutivos em revoluções e não na conservação. Você está confundindo causa (revolução e reação/conservação) com efeito (evolução). Uma coisa (revolução) pode ocorrer sem a outra (evolução), o que não quer dizer que a evolução não seja um resultado necessário da revolução.