quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

HUMANISTAS SECULARES E RELIGIOSIDADE

Humanistas Seculares, resumindo a definição de Julian Huxley (sim, o irmão de Aldous Huxley, que escreveu Admirável Mundo Novo), são pessoas que, ao não encontrarem provas científicas da existência de Deus (da mesma forma como ocorre em relação ao Papai Noel), concluem não poder acreditar em Deus. Humanistas Seculares não têm como meta provar que Deus não existe, mas apenas dizem que não podem humanamente (racionalmente) acreditar que Ele exista sem que possam acessar uma única prova. Como resultado disso, Humanistas Seculares acreditam que o Homem é fruto da biologia tanto quanto qualquer outro ser vivo e que não há nenhuma força superior acompanhando seu destino, motivo pelo qual o Homem é a principal referência para si próprio. Nas palavras de Paul Kurtz, editor da maior revista humanista dos EUA e autor do Manifesto Humanista, Humanistas Seculares são melhor definidos como Céticos do que como Ateus.

Religiosos, ao contrário de Ateus e Humanistas Seculares, têm uma postura afirmativa e dizem que Deus existe. E é justamente desse antagonismo que nasce um caloroso debate entre Religiosos, de um lado, e Ateus / Humanistas Seculares, de outro.

O debate sobre o tema é perfeitamente válido afinal, por que o Homem deveria deixar de falar justamente de uma das questões mais importantes da Humanidade: de onde viemos? O problema não reside em discutir ou não o tema, mas em qual instrumento deve ser utilizado para se chegar a melhor resposta à pergunta "de onde viemos?".

Poderíamos pensar que os debatedores, pela breve introdução acima, se dividiram entre os que defendem o uso da razão como instrumento para se chegar mais próximo da resposta e os que defendem o uso da fé. Surpreendentemente, porém, são os religiosos (aqui me limito ao posicionamento da Igreja Católica, que financia estudos científicos pela Pontifícia Academia de Ciências e pela Specola Vaticana) que atualmente trafegam pelo grupo dos que defendem a razão como instrumento para se chegar a uma resposta.

Eu também não poderia deixar de concordar que, diante do método filosófico (que é a própria Filosofia) criado por Sócrates para quebrar concepções em partes cada vez menores até se atingir evidências a partir das quais chegaríamos a concepções melhores do que as que acabamos de quebrar, a racionalidade é o melhor instrumento para se pensar o tema.

Por esse motivo, elejo a razão como instrumento para, neste artigo, buscar os argumentos mais consistentes sobre a existência de Deus: os religiosos ou os humanistas; entendendo “razão” como sendo a combinação (lógica) de evidências - cientificamente descobertas - com o objetivo de se aferir um dado resultado, o que em outras palavras (e em sentido contrário) significa que partiremos da ciência para falarmos de Deus.

Existem três (3) evidências científicas que levam a Ciência a concluir que a melhor teoria para explicar a origem do Universo é a Teoria do Big Bang. As evidências científicas são: (1) a expansão do Universo, (2) o Eco Radioativo e (3) a Segunda Lei de Termodinâmica. Segundo elas, o Universo (que significa tudo o que existe) em um dado momento passou a existir. Ocorre que cientificamente nada passa a existir sem causa, ou seja, as coisas não surgem do nada.

A segunda Lei de Termodinâmica diz, em linguajar bem simples, que a quantia de energia no Universo está diminuindo. Se o Universo sempre existiu (não teve começo), ele não poderia, perdendo energia como provado pela termodinâmica, existir. Logo, ele teve que ter tido um começo como regra lógica para a existência da própria lei cientificamente evidenciada.

Diante disso tudo, perguntaria: O que é mais racional: (1) dizer que a matéria passou a existir (Big Bang) do nada sem causa alguma?; (2) negar o Big Bang para dizer que a matéria sempre existiu, derrubando a Segunda Lei da Termodinâmica de sopetão, e fugir da afirmação anterior?; ou (3) dizer que a matéria passou a existir do nada com uma causa que, ao não poder explicá-la - pois essa causa não passou a existir junto ao Universo -, damos o nome de Deus?

Os Humanistas Seculares, os Ateus e (tomo a liberdade de incluir) os filhos do Iluminismo preferem dizer (i) ora que a matéria surgiu do nada (Big Bang) sem causa (E=mc2 sem causa), (ii) ora dizer que o Big Bang, a despeito das 3 evidências científicas acima, é uma balela, assim como é uma balela a segunda lei evidenciada da termodinâmica, pois a matéria sempre existiu, dispensando Deus, e (iii) ora dizer que Deus não pode existir como algo acausal enquanto, ao dizer isso, joga o próprio Universo como algo acausal seja por ter sempre existido (sem causa inicial), seja por ter surgido de um Big Bang sem causa ...

Os Religiosos, ao contrário, buscam conciliar a teoria científica do Big Bang com a Lei de que nada surge do nada. A idéia religiosa (novamente aqui me limito ao posicionamento da Igreja Católica, que financia esses estudos científicos pela Pontifícia Academia de Ciências e pela Specola Vaticana) é a de que a Segunda Lei da Termodinâmica é válida, o que torna a Teoria do Big Bang aceitável, e, sendo também válida a Lei Física de que tudo que vem a existir necessariamente tem uma causa, a causa do Big Bang é uma causa que não veio a existir materialmente (e leia-se aqui – matéria e energia – E=mc2) – do contrário exigiria uma causa anterior e eterna não material. Essa causa, para os religiosos, é Deus.

Percebe-se que nenhum deles tem uma resposta racionalmente definitiva, mas nosso propósito era encontrar quem tem a proposta mais racional quanto à nossa origem. Religiosos ou Humanistas Seculares / Ateus? Eu deixo essa resposta para você !

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