quinta-feira, 30 de julho de 2009

ESTRANHA HOSTILIDADE, ESTRANHA AMIZADE

“(...) durante a crise das charges de Maomé que, publicadas em 2005 num jornal dinamarquês, resultaram em protestos exaltados entre populações islâmicas, a intelectualidade e a esquerda, quando não se calaram, tomaram o partido daqueles que exigiam a censura. Por estranho que soe, respeitar as sensibilidades dos seguidores de uma e apenas uma religião se converteu em algo politicamente correto. A esquerda, que, herdeira secularista do iluminismo, criticou sempre o conservadorismo religioso, tem reagido de forma tíbia e, às vezes, até endossado as limitações crescentes que fanáticos e parte do clero mulçumano buscam impor às sociedades abertas do planeta. Talvez o enigma se explique devido ao fato de que, na mitologia terceiro mundista atual, o Islã é a fé dos novos oprimidos, os que assumiram o papel há muito descartado pelo proletariado industrial.” (http://veja.abril.com.br/220709/liberdade-ofende-p-132.shtml)

Rápidas notas para futuro estudo aprofundado:

1. Marx previa que haveria um conflito pan-europeu e que quando isso ocorresse, os trabalhadores dos países em conflito, oprimidos, se uniriam contra os respectivos poderes opressores

2. A Primeira Guerra Mundial ocorreu, mas a união dos trabalhadores, para a surpresa dos marxistas clássicos, não

3. Antonio Gramsci e Georg Lukács concluem que isso não ocorrera pois os trabalhadores estavam supostamente sob o domínio da Cultura Ocidental (por isso a revolução teria dado certo na Rússia), cultura que tem como importante elemento a moral judaico-cristã

4. Surge o Marxismo Ocidental (Cultural) como forma de alterar a estrutura da Cultura Ocidental, em especial a Moral judaico-cristã, que impedia a revolução, tendo como grandes expoentes Sartre, Foucault, Marcuse, Adorno, esses dois membros da Escola de Frankfurt, Habermas, dentre outros, fontes de várias militâncias que muitos sequer sabem ser de esquerda, dentre as quais destaco uma que estudarei em breve no livro “Goodbye, Good Men – How Liberals Brought Corruption into the Catholic Church” que acabei de comprar.

5. Marcuse, autor do livro “Eros e Civilização” (principal livro da revolução hippie – “faça amor, não faça guerra”), dentre outros, foi relevante combustível para a “revolução” estudantil de 68, que se opôs, dentre outros pontos, a suposta opressão sexual da moral judaico-cristã, do que resultou no fortalecimento do divórcio, do casamento gay, do aborto como liberdade da mulher, da liberdade sexual total [e, em um plano mais amplo, da própria Nova Era (http://www.padrefaus.org/wp-content/uploads/2009/05/sobreaideologianewage.rtf) - quem não conhece Imagine de John Lenon (http://letras.terra.com.br/john-lennon/79780/)] ... todas “políticas” “politicamente corretas” que não são associadas à esquerda embora todos saibam que são os partidos de esquerda que as defendem (o que não é de se estranhar, considerando que elas fazem parte de um projeto de alteração da estrutura da Cultura Ocidental a fim de permitir a realização da revolução – que pelo caminhar da carruagem não ocorrerá da forma clássica).

6. Sartre e outros influenciaram, por exemplo, a Revolução Iraniana. O livro Lês damnés de la Terre, com introdução de Sartre (http://en.wikipedia.org/wiki/The_Wretched_of_the_Earth), manual revolucionário comunista, foi traduzido para o persa (farsi) pelo Ali Shariati (http://en.wikipedia.org/wiki/The_Wretched_of_the_Earth), um dos principais ideólogos (se não o maior) da Revolução Iraniana (http://en.wikipedia.org/wiki/Ali_Shariati) que estudou islamismo, pasmem, com dois scholars franceses Luis Massignon (http://en.wikipedia.org/wiki/Louis_Massignon) e Jacques Berque (http://en.wikipedia.org/wiki/Jacques_Berque)

Não estranho, portanto, que a maioria das pessoas não veja nada de errado na existência simultânea de um comportamento hostil ao Cristianismo e amistoso ao Islamismo, como bem abordado na reportagem da Veja lançada parcialmente acima.

Um comentário:

Henrique Rossi disse...

O Foucault foi grande entusiasta da rev. islâmica no Irã. Ele, assim como o Gramsci, fazia críticas ao marxismo clássico - sempre no bom intuito de promover a revolução da forma mais eficaz possível, é claro...